Pode parecer estranho, mas em outubro de 2013 quando começamos a nossa viagem de volta ao mundo existiam dois lugares específicos que mexiam, e ainda mexem, no nosso imaginário! Quando pensávamos no ápice da viagem logo vinha a imagem do Alasca… e pensávamos: “é lá que quero chegar.”
Além dele, o continente africano sempre aqueceu nosso coração. Ainda consigo lembrar do Renan falando com grande paixão no grande sonho em ver os animais soltos e em plena atividade de caça e proteção na savana africana.
Estes eram os lugares que mais queremos nos aprofundar! Em setembro de 2014 conseguimos entrar no Alasca ainda que tardiamente, muitas pessoas nos alertavam para os riscos: os pneus carecas, a ausência das cadenas para dirigir na neve e o risco de ficar ilhado no Alasca caso uma nevasca nos atingisse por dias consecutivos.
Ainda assim, enchemos o peito de ar e nos entregamos para a sorte. O primeiro dia foi de muito frio, de incertezas, para dizer a verdade, foi de muito medo. Uma névoa branca tomou conta da pequena e sazonal cidade de Hyder. O vilarejo funciona apenas durante o verão e por toda parte as placas de “CLOSED FOR THE SEASON” nos lembrava que chegamos tarde demais. Será que é melhor desistir e voltar?
Mais uma vez insistimos e para o norte seguimos. Os dias seguintes foram de pura benção, superando as melhores expectativas que poderíamos criar sobre o lugar. O Alasca tem uma aura que vibra e envolve qualquer ser humano ali presente. Eu consigo lembrar de cada momento vivido, do cheiro das geleiras, do ar frio beijando o rosto, de sentir mais viva que nunca. Nada é palpável, tudo é sentido e sentimento no Alasca.
Depois de mais de 10 dias entendemos que a sorte nos deu uma imensa colher de chá, era hora de voltar. Dirigimos sentido sul com o coração pleno, cheios de graça e agraciados. Que lugar!
Depois de tanta experiência vivida fomos atingidos por uma ‘onda ruim’. No carro o sentimento era de ausência, como se seguíssemos agora sem um propósito. Parecia uma ressaca brava depois da melhor festa das nossas vidas! Quando voltaríamos a sentir tudo aquilo de novo? A neve batia no parabrisa e o carro derrapava na pista, quase que nos dizendo que voltar para o Alasca não era uma opção.
A nossa jornada atravessou mais dois continentes nos dois anos seguintes e a África não foi contemplada dessa vez. A estrada nos ensinou que para chegar lá teremos que nos preparar. Não é o momento, e dessa vez vamos respeitar esse chamado.
A saga continua, todos os dias sonhamos, planejamos e miramos dias plenos como aqueles que vivemos no Alasca. O ambiente mudou mas os sentimentos ainda acontecem dentro de mim, vibrando aqui dentro. Eles são experimentados em pequenas pílulas diárias, seja quando pedalo para sentir a brisa no rosto, quando escapamos em um final de semana para o meio do mato ou tomo um chá para esquentar o corpo. O meu Alasca se transformou em pequenos prazeres diários da vida, qual é o seu?
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