Andávamos pelo deserto no norte do Chile sempre na beira da praia contemplando o mar do Pacífico. As praias por aqui podem ser um belo convite para uma longa estadia, basta abrir a barraca e curtir o visual. Sabíamos que a região era deserta então enchemos o carro de água, comida e muito vinho. Seguíamos para o nosso último destino no Chile: o Atacama.
Tá tudo muito bom, tudo muito bem e encontramos uma praia totalmente deserta. Não tinha ninguém acampando por ali e esta seria a praia perfeita para a gente curtir o céu que prometia muitas estrelas.
Saímos da estrada e pegamos já o areião da praia. Que irado! Veio uma sensação de ser donos do mundo ou pelo menos daquela praia. E fomos nos aproximando do mar e a areia foi ficando mais fofa e o Brasileirinho começou a patinar. O Renan já olhou para mim e disse: “Puts, f*deu! O carro tá muito pesado e a gente vai atolar!”
E nessa mesma hora o Brasileirinho literalmente sentou no areião. Enterrou com força!
Eu super fingindo que nada está acontecendo já falei: ‘magina, bobagem! Perai que eu vou dar um jeitinho!’
Sai do carro e comecei a cavar a areia que tomou conta do pneu, tudo na mão porque não temos espaço para a pá. Parecia a coisa mais rídicula porque eu cavava e aquela areia fofa voltava toda para o mesmo lugar, o carro parecia mergulhar em uma areia movediça! Me senti no episódio do Chapolin que todo mundo afunda na areia.

Quem poderá nos defender?
O Renan também desceu e começou a tirar tudo que estava pesado de dentro do carro. Caixas com vinhos, galão de 20 litros de água, caixa de ferramentas e por aí vai. Foi um sufoco.

Brasileirinho logo depois que desatolamos.
Cavamos juntos a areia e colocamos os carpetes de borracha embaixo dos pneus para usar como prancha (já que também optamos por não ter).
Depois de algumas tentativas conseguimos tirar o carro do areião.
Hoje lembramos tudo com muita risada, mas na hora dá um medo da maré subir e a gente não conseguir tirar o carro dali. Sem contar que não passava uma alma para ajudar, então ficamos totalmente à nossa sorte.
Passado o sufoco, escolhemos um lugar firme para estacionar o carro e enfim abrir uma garrafa de vinho. Naquela noite fizemos um ceviche de camarão que compramos de pescadores. Ufa ainda bem que conseguimos contar esta história hoje numa boa!

Chef preparando o jantar.
Ah e não acabou por ai não! No dia seguinte acordamos felizes da vida, fizemos um café delicioso, a praia era linda e continuava deserta. Quando olhamos para o alto da montanha em frente a praia havia uma cidadezinha incrustada entre as rochas. Logo pensamos: ‘Poxa porque este povo decide viver lá em cima, num lugar isolado, longe de tudo?!’ Após alguns metros encontramos uma placa que dizia que esta era uma praia que frequentemente recebia grandes ondas e inundava a orla inteira. Sem contar a possibilidade de tsunamis.
Ahhhhhh bom! Agora sim entendi. Colocamos o nosso carro em um lugar onde atolamos e ainda havia grandes chances de receber um tsunami no meio da noite! Tranquilo!
DICA: pergunte sempre por informações antes de acampar em qualquer ‘paraíso’

Sobremesa não tem, mas tem vinho.
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