Conversamos com a Cris do projeto . Ela está na estrada a mais de um ano com seu marido, o Marcão, seu filho Caetano que tem 3 anos e agora um baby na barriga que deve nascer na estrada! Ficamos sabendo como é a viagem sob o olhar da criança e os desafios que uma aventura desta implica.
Cris, como surgiu O Nosso Quintal?
Eu e o Marcão sempre gostamos de viajar. A gente trabalhava muito, guardava dinheiro e saía para viajar por semanas ou meses. Depois voltava trabalhava mais, economizava muito e partia de novo para conhecer outros lugares. Quando engravidei todo mundo achou que a gente ia parar com as andanças, só que na verdade o Caetano virou só mais uma ‘mochila’… risos. Compramos uma mochila que dava para carregar ele e assim continuamos fazendo nossas viagens. Com um tempo morando em São Paulo a gente percebeu que gastava muito mais que uma vida na estrada. Começamos a pensar em comprar um carro para viajar. Tudo foi se encaixando, achamos essa caminhonete F350 que tem uma casinha adaptada na carroceria, colocamos nosso apartamento para alugar e saímos sem muitos planos.
Como é viajar com criança?
É muito bom, tudo fica mais poético. Estes dias fomos em um borboletário e foi mágico, o Caetano ficou super empolgado e a gente também fica. Foi lindo. Por um outro lado os passeios são outros, a gente queria fazer todas as trilhas em Torres del Paine mas achamos melhor poupar o Caetano, também não tem mais tour em Cervejaria, essas coisas que a gente faria. Mas na verdade a gente percebeu que viajar com criança abre muitas portas!
Como assim?
É diferente, por exemplo em fronteira quando percebem que o Caetano está no carro, as pessoas já ficam mais tranquilas, abrem sorriso, brincam com ele. Em camping funciona da mesma forma. O Caetano vai fazer três anos em dezembro e ele adora brincar com adultos, se acostumou com isso. Então onde estamos ele faz muita amizade. Essa semana visitamos uma aldeia indígina, ele abraçou todo mundo, brincou e todos se emocionaram com ele.
Vocês já saíram com um roteiro definido? Fizeram muitos planos antes de partir?
Não muitos viu, meu irmão mora no Canadá e a única certeza que tínhamos quando saímos é que iríamos visitá-lo de carro. Depois é que fomos pensando em incluir o Ushuaia e Alasca. O legal é que vamos descobrindo os lugares quando entramos no país. Tem gente que gosta de programar, mas não somos assim. O Marcão é muito tranquilo e eu sou bem desapegada então este é mais o nosso estilo, quando o casal se entende em como viajar as coisas fluem bem. Meu irmão estava esperando a gente para o natal de 2014, risos. Nós não temos data para terminar porque hoje isso já não é mais uma viagem, é o nosso estilo de vida. Agora estou grávida de novo e pretendo continuar na estrada, a ideia é parar alguns meses antes da chegada do bebê em algum lugar. Não sei, vamos ver.
Uau! Baby on the road? O que você acha que vai ser diferente daqui para frente?
Acho que vou ter mais trabalho, risos, vou dormir menos a noite. Brincadeira, eu acho que vai completar bastante a nossa vida. Para o Caetano vai ser ótimo, ele vai ter uma companhia. Estamos muito felizes.
Qual o lado ruim desse estilo de vida?
A única falta que sinto é a família e amigos, mas isso já estamos mais acostumados e também nos planejamos para fazer visitas ao Brasil quando a saudade apertar. Outra coisa que não sei se é ruim, mas é com relação as despedidas que fazemos no caminho dos novos amigos de estrada. No começo doía muito mais, o Caetano sofria ficava falando semanas do amiguinho que fez, do cachorro que ele ficou brincando, mas agora ele também se acostumou. Tem outra coisa também que não é bem um lado ruim, mas realmente não sobra tempo para mim. Ninguém acredita, porque pensam que estamos de férias, fazendo nada, mas a verdade é que não me sobra um tempo só meu. São raros os momentos que estou sozinha.
Neste mais de um ano de viagem o que mais marcou?
Vou falar viu, o Brasil é demais. As pessoas do Brasil são incríveis! Nossa passagem pelo sul foi muito legal, as pessoas tem um calor que é muito gostoso. Este é um lado da viagem que a gente gosta muito de sentir… mais o humano das pessoas que a paisagem em si. No fundo as pessoas no nosso caminho são as que mais marcam, pessoas querem ajudar sem nada em troca. Nos faz lembrar que este mundo tem pessoas especiais, tem salvação. Um momento muito marcante, foi quando vimos a erupção do vulcão Calbuco em Puerto Varas, Chile. Vimos tudo do começo ao fim, foi espetacular! Uma surpresa que só foi possível graças ao carro que estava quebrado, senão a gente estaria bem longe e não teria presenciado isso!
O que é felicidade para você?
Ter encontrado este estilo de vida, ter encontrado uma pessoa que também curte e saber que o meu filho está feliz dentro deste modelo me faz muito completa. Posso viver assim para sempre. Quando eu percebi que delícia que é viver com quase nada, em uma vidinha simples e ser feliz com isso… para mim já é tudo. Eu fico feliz de descobrir que eu gosto disso e saber que eu posso viver assim e passar estes valores para o meu filho. É muito bom você viver com pouco, hoje a gente vive com o aluguel do nosso apartamento – um dinheiro que não duraria 10 dias vivendo em São Paulo e agora rende o mês inteiro. As pessoas acham que agora porque vem um bebê a gente vai mudar para um carro maior, eu digo que não… que a ideia é diminuir. Cada vez viver com menos.
Para acompanhar esta família muito querida e se deliciar com mais relatos e lindas fotos você pode curtir a página deles clicando aqui, .
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*Na semana passada iniciamos uma série de entrevistas com pessoas inspiradoras, se você perdeu a primeira com a Rosely pode acessar clicando aqui.
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