Vamos pro Alasca!
Diariamente recebemos dúvidas e angústias de pessoas que pensam ou gostariam de fazer uma viagem parecida com a nossa. Respondemos sempre da melhor maneira que podemos, mas a verdade é que depois de dois anos na estrada nós também continuamos com muitas dúvidas e angústias. Talvez hoje sejam angústias mais calejadas e dúvidas mais complexas que aquelas de quando iniciamos, mais ainda nos assombram. O bom de tudo isso é que de alguma forma somos motivados a continuar buscando respostas e ajudando pessoas sempre da melhor forma.
Pensando nisso decidimos iniciar uma série de entrevistas com pessoas que também já caíram na estrada e que enfrentaram alguns ‘monstros’ na hora de tomar decisōes. Esse é um projeto guiado principalmente pela nossa vontade de compartilhar conhecimento e questionamentos que surgem neste tipo de aventura.
Esta semana eu conversei com a Rosely do ‘Vamos pro Alasca’, ela tem 59 anos e junto com o seu marido partiu para o Alasca. Em outubro de 2015 eles retornaram para Campinas onde moram cheios de saudade dos dois filhos e com muita história para contar. A Rosely falou em equilíbrio emocional, em demissão, orçamento apertado, vaidade feminina e desapego.
Rosely, como surgiu esta viagem?
Na verdade esta é a quinta viagem de carro que fazemos. Meu marido, o Amabry é colombiano e sempre tivemos vontade de dirigir de São Paulo a Bogotá, mas tivemos que adiar algumas vezes. Até que em uma férias dirigimos até o Uruguai e depois em outras férias de 40 dias fomos até a Colômbia, desta vez tivemos que embarcar o carro em Manaus e voltar de avião porque o tempo era curto. Nesta época a gente tinha um carrinho pequeno, um Atos da Hiunday, e viajava ficando em hotel. Percebemos que era relativamente fácil viajar. Quando fomos dirigindo para o Ushuaia em outras férias vimos uma placa dizendo: ALASCA 35 mil quilômetros. E pensamos: “só?” Então começou a ideia de dirigir até Alasca. Depois disso começamos a juntar dinheiro para viajar, e a ideia era até juntar um pouco mais. Mas um dia meu marido chegou em casa e disse: ‘Poxa fui demitido e agora? O que a gente faz?’ Eu disse para ele: ‘Ah! Vamos pro Alasca.’ E dai foi que surgiu o nome da nossa viagem.
Qual o carro vocês escolheram e quais mudanças tiveram que fazer?
Nós viajamos com o carro que temos, um Daihatsu Terios. Esse carro a gente já tinha ido para o Ushuaia com ele e para Macchu Picchu pelo Acre. Nós até cogitamos em comprar algum carro maior, mas com isso teríamos que gastar mais. Depois pesquisando na internet encontrei várias dicas de adaptações que pudesse dormir dentro do carro. Então bolamos um projeto e contratamos um marceneiro que se dispos a fazer para nós. Quando é para dar certo, tudo vai dando certo. Tínhamos que encontrar uma caixa organizadora que encaixasse exatamente em um lugar no carro, aqui procurei e não encontrei. Antes de partir voamos para Colômbia para um casamento e lá encontramos uma caixa com as medidas exatas, tive que trazer dentro do avião e quando chegou aqui deu certinho no espaço. Eu mesma fiz as cortinas, comprei as espumas para o colchão e mandei cortar.
Adaptação Interna do carro.
Quais foram os prós e contras de viajar com este carro adaptado? E você acha que é importante ter um carro 4×4 para fazer este tipo de viagem?
Dormir dentro do carro é um ponto favorável, mas o que eu mais gosto é que ele é pequeno e passa despercebido. Não chama atenção, você passa e ninguém fica olhando como se você estivesse em um carrão com muito dinheiro. O que faltou na nossa adaptação foi uma geladeira, não cabia no carro e por isso não compramos. Mas ajuda muito ter uma geladeira para manter a comida e economizar com restaurante. Na verdade o 4×4 ajuda, mas com qualquer carro vai. Vimos muitas Kombi no caminho e outros carros não necessariamente equipados, mas que chegam nos mesmo lugares por onde passamos. Tudo bem que tem diferentes tipos de viagens, você tem que saber os lugares por onde está dirigindo – mas são pequenos os trechos ruins até o Alasca, na verdade quase nenhum.
Vocês viajaram com um orçamento fechado até porque não estavam mais trabalhando. Tiveram alguma dificuldade em relação ao dinheiro?
Eu era responsável por anotar todos os gastos da viagem, isso ajudou para saber onde estava indo o dinheiro. Nós gastamos mais no primeiro trecho entre Campinas / Colômbia. Depois disso conseguimos ver exatamente onde poderíamos economizar, então eu passei a cozinhar mais. Com um tempo percebemos que quanto mais rápida a viagem mais você gasta. Como a gente dependia também do aluguel de um imóvel que tínhamos então tivemos que ir mais devagarinho, era o segredo para o dinheiro dar.
O que você aprendeu sobre você nessa viagem?
Quando eu fiz o Caminho de Santiago já senti uma mudança grande, comecei a dar valor aquilo que realmente merece. E nesta viagem eu percebi que não é qualquer problema que me abala mais, as coisas vão se encaixando porque quando você tem uma energia boa acaba atraindo coisas boas. Nesse tipo de viagem é preciso um controle emocional, chega uma hora que se você não controla isso fica bem difícil. A gente tem que se desprender de algumas coisas, você vai ter que mudar alguma coisa em você, porque esta viagem não pode ser por acaso.
Fica dificil ter muita vaidade na estrada, mas não deixei de usar protetor solar. Outra coisa é que tenho que lavar a cabeça todos os dias, era a única exigência que eu tenho. Algumas vezes lavava só com uma garrafinha de água, depois no Canadá aprendi com uma mulher no banheiro do supermercado como lavar o cabelo na pia – pegava um copo grande destas redes de fast food e lavava ali na pia mesmo. Também sempre gostei de fazer a unha, toda semana eu fazia. Agora eu tenho know-how em fazer a mão com o carro andando.
No fundo aprendi que a gente é mais forte do que realmente é.
Gostaram? Ficou curioso para fazer alguma outra pergunta? Mande para a gente
Nos conte aqui o que você achou! Devemos continuar esta série de entrevista? Sua opinião pode nos ajudar! Para quem quiser ver mais fotos da viagem da Rosely é só curtir a página no .
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