Continuando com a nossa série de entrevistas inspiradoras, dessa vez vamos falar com o Terra Adentro. Logo, que eu e o Renan chegamos da nossa volta ao mundo fomos direto expor nossa história na Adventure Fair, lá ficamos ao lado de outros aventureiros e entre eles estavam Sabrina e Henrique. Este casal incrível já estava se preparando para partir dali para o mundo. Hoje o Terra Adentro, esse é o nome do projeto deles, está longe explorando os lindos parques do sul do Chile. Batemos um papo com os dois para saber um pouco mais sobre esses primeiros meses de sonho vivido. Quer conhecer um pouquinho mais sobre eles e saber dessa volta ao mundo que acabou de começar?! Então vem!
Sabrina e Henrique, se apresentem por favor.
Henrique Fonseca: Sou economista, mineiro de Caratinga e tenho 30 anos.
Sabrina Chinelato: Sou Jornalista, mineira de Juiz de Fora e tenho 23 anos.
Nos conhecemos em setembro de 2012 em um evento tradicional na cidade de Juiz de Fora/MG. Nossas primeiras conversas foram sobre filmes e viagens. Desde então começamos a planejar nossa primeira aventura, a viagem de carro para Ushuaia e Deserto do Atacama. Sempre sonhamos em fazer algo diferente em nossas vidas e sair pelo mundo de carro, sem rumo e data para voltar, foi a realização de um grande sonho.
Quem parte para este tipo de viagem tem sede de desafios e aventura, certo? O que vocês esperam dessa viagem? O que vocês sentem vontade de viver?
O que nos fez partir para o mundo foi o desejo insaciável de liberdade. Em nosso dia-a-dia sonhávamos a cada minuto para este tempo chegar. Podermos acordar a qualquer hora, decidir o que fazer e para onde ir. Isto é fantástico!
Esperamos uma viagem repleta de desafios, mas, ao mesmo tempo, de autoconhecimento, de reflexão e de aprendizado. Temos muita curiosidade em conhecer o mundo, as culturas e a forma como alguns povos sobrevivem em regiões tão inóspitas.
Sei que estão no inicio da jornada e que esse começo pode ser um misto de descobertas boas e ruins – entrar na rotina da viagem leva um tempo. Qual tem sido o maior choque que estão enfrentando (ou enfrentaram)? Já conseguiram se acostumar com o fato de que esse é o novo estilo de vida que levarão nos próximos anos?
A cada dia que passa estamos nos acostumando mais com a vida na estrada. Ter pouco espaço, pouco conforto e uma vida desregrada, pode ser um choque nas primeiras semanas. Sentimos um pouco esta nova vida nas primeiras semanas, mas cada vez mais aprendemos a ser feliz com o que temos. Se não temos um bom lugar para passar a noite, que bom, vamos aproveitar o lugar que estamos. Se não temos uma comida fresquinha pra cozinhar, que bom, vamos comer o que temos no armário e por ai vai. Exercitar este mantra todos os dias foi o segredo para nos adaptarmos mais rápido às mudanças de uma vida com conforto para uma vida com pouquíssimo conforto. O mais importante também é entendermos que hoje estamos aqui por conta das nossas próprias escolhas. Relembrar isto todo dia nos dá força para superar os momentos de dificuldades e a enxergar sempre o lado bom de todas as situações.
Vendo vocês partirem me remete muito à nossa partida. Para nós foi difícil nos convencer que estávamos prontos – postergamos a data de saída por quase uma semana – e de repente percebemos que era o medo que estava nos impedindo de viver o grande sonho. Foi difícil, mas colocamos tudo dentro do carro e saímos no impulso. Quais são os medos que vocês têm e como trabalham o domínio sob eles?
Penso que o principal medo que nos domina é a incerteza sobre o futuro. Largamos tudo que tínhamos em prol deste grande sonho. Sempre nos esforçamos ao máximo para nunca pensar o que será de nossas vidas daqui a 3 ou 4 anos e viver intensamente o presente, mas, às vezes, é inevitável conter. A incerteza sobre o futuro às vezes ronda as nossas mentes, mas tentamos de todas as formas nos desligar dela. Nossa principal estratégia é viver intensamente o momento, extrair o máximo de cada lugar e transformar a nossa viagem em uma verdadeira universidade. Pensando e agindo assim, conseguimos dominar este medo e fazer esta viagem uma grande oportunidade em nossas vidas.
Não dá para falar desse tipo de viagem sem falar do desapego. Como foi a seleção dos itens para colocar no Mochileiro (o carro)? Tem sido difícil abrir mão daquilo que vocês tinham só para viver essa experiência?
Esta foi uma parte muito difícil no começo. Quando separamos as coisas para levar na viagem, deixamos uns 90% de tudo que tínhamos para trás. Algumas coisas vendemos e poucas ficaram guardadas. Quando iniciamos a organização de tudo que separamos no Mochileiro, descobrimos que só metade do que tínhamos separado caberia de fato em nossos armários. Deixar coisas que achávamos importante para trás foi bem difícil. Organizamos tudo e caímos na estrada. Poucas semanas depois, percebemos que não tínhamos espaço. Levamos coisas demais e não conseguíamos achar nada que estávamos procurando. Se fosse tirar uma coisa do fundo do armário, estava feita a bagunça. Os dias foram se passando até que, em certo momento, tomamos uma decisão: precisávamos nos desfazer de mais coisas. É melhor ter menos coisas e mais espaço. O espaço se tornara o bem mais valioso em nossa viagem. Depois que partimos, doamos inúmeras coisas, sempre para pessoas mais necessitadas que encontrávamos pelo caminho. Hoje, percebemos o quanto estávamos enganados de querer levar tanta coisa. O pouco que temos atualmente é mais do que suficiente para vivermos uma vida muito feliz! E assim seguiremos, sempre doando algo que percebermos não fazer mais sentido em nossa vida.
Ainda falando do desapego, algo muito comum entre os viajantes que conversamos é que na verdade todos percebem que estão levando muito mais coisas do que realmente precisam. Vocês já tiveram essa percepção? Se sim, conta um pouquinho dos itens que estão levando. E faltando? Sentem falta de alguma coisa que poderiam ter trazido?
Então, quando saímos estávamos levando coisas demais. Coisas que usaríamos uma vez por ano ou menos. Foi exercitando o desapego que conseguimos nos livrar de cadeiras, panelas, utensílios de cozinha, bolsas, mochilas e por ai vai. Hoje, pouca coisa nos faz falta. Às vezes, um bom banho quente é tudo que precisávamos para ser felizes.
Durante essa jornada vocês pretendem trabalhar para gerar alguma renda? Como vocês se preparam financeiramente para partir e se manter na estrada?
A maior parte dos recursos que custearão a viagem é proveniente de uma poupança que fizemos durante os anos de trabalho. Ao longo da volta ao mundo teremos algumas fontes de renda, como trabalhos de assessoria de comunicação, vendas de fotografias para bancos de imagens nacionais e internacionais e vendas de livros e guias de viagem. A ideia é também conseguir apoios com empresas tendo como contrapartida a divulgação em nosso site e redes sociais.
Não teve nenhum segredo em nosso planejamento financeiro. Todo o dinheiro que nos sobrava quando trabalhávamos era acumulado em uma poupança. Vendemos tudo o que tínhamos, carro, móveis e equipamentos eletrônicos para realizar este grande sonho. Juntamos um dinheiro e com as fontes de rendas extras nos manteremos na estrada.
Os patrocínios são muito importantes para nós e por isto fazemos de tudo para manter os nossos patrocinadores atuais e conseguir novos apoiadores.
Quais são os lugares que vocês tem mais expectativa para conhecer?
Atualmente, os lugares que mais nos fascinam é a Groenlândia, a África e a Ásia central. Esperamos muito ter a oportunidade de conhecer estes lugares magníficos ao longo desta volta ao mundo.
Queridos e agora para finalizar: O que é felicidade para vocês?
Então Outsiders, hoje a felicidade se resume para nós por meio de uma palavra: Liberdade. Não há nada melhor que ser uma pessoa livre e trilhar o caminho que escolhemos. Sempre que passamos por algum momento difícil nos lembramos disto: Hoje somos livres e só isto basta!
Sabrina e Henrique muito obrigada por compartilhar essa história e com a gente.
E você, leitor? Gostou dessa entrevista? Então corra lá no site deles para pegar mais detalhes sobre essa lindo estilo de vida TERRAADENTRO.COM.
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