Deixamos a Croácia com uma certa tristeza, mesmo com chuva estávamos gostando de curtir a praia. Mas não dá para ter tudo né? Então bora para o próximo país: Bósnia e Herzegovina. Apesar do nome duplo o país é um só. Ainda na Croácia muitas pessoas nos relataram que gostavam da Bósnia, os próprios croatas nos diziam que a culinária é um ponto alto. Por conta disso a nossa expectativa só aumentava…
A chuva continuava nos acompanhando, atravessamos a fronteira da Croácia com a Bósnia e foi relativamente rápida. Tivemos que comprar na fronteira um seguro carta-verde obrigatório para os carros. Pagamos 17 euros por 7 dias, o bom é que o lugar aceitava euro, kuna (moeda da Croácia) ou o BAM (moeda da Bósnia). Agora tem uma sacanagem depois da fronteira que é triste: você passa a fronteira, dirige 2km e pimba! Cabine de pedágio. Agora pergunta se na fronteira tem casa de cambio ou caixa eletrônico? O jeito foi passar 0,70 centavos no cartão de crédito. Pelo menos cartão eles aceitavam.
Dirigimos sentido Mostar, uma cidade histórica na Bósnia e Herzegovina que foi destruída na guerra de 1993. O centro velho e a ponte são hoje considerados Patrimônio Mundial da Unesco. Chegamos em Mostar debaixo de chuva, cansados e não encontrávamos nenhuma opção de camping. Mas achamos um shopping no centro e ele acabou nos salvando porque tinha internet e Mc Donalds. Aproveitamos e já jantamos no Mc Donalds ao som de Michel Teló e em seguida rolou um Gustavo Lima.. Tchê Tchê Rere…
Pela internet achamos um camping 10km ao sul de Mostar e foi para lá que seguimos. O lugar estava aberto e vazio. Abrimos a barraca e logo dormimos, no dia seguinte andamos a procurar alguma pessoa no camping e não encontramos ninguém. Depois de enrolar um pouco, pegamos alguns caquis maduros no pé e saímos sem pagar mesmo… paciência.
Paramos o Brasileirinho no centro e fomos caminhar. O centro histórico é pequeno e com diversos prédios marcados pela guerra de 1993. São furos de balas de revólver e canhão por toda parte. Um tanto quanto chocante! A ponte sob o rio Neretva foi totalmente destruída pelo exército croata e reconstruída somente em 2004.
Mas se a gente pensar a guerra é realmente bem recente. A Guerra da Bósnia foi parte da Guerra da Iugoslávia. Um conflito armado com motivaçōes políticas e religiosas e que envolveu alguns dos países da península balcânica: Croácia, Bósnia e a antiga Iugoslávia (hoje Sérvia e Montenegro).
Depois de mergulhar historicamente na cidade paramos para observar um pouco a vida do local. O jeito mais gostoso foi sentar em uma das pekara ou padarias para tomar um café.
Desde a Croácia tem um fato que vem nos impressionando: aqui nestes países ainda é permitido fumar em ambientes fechados. E tem mais, fumar é um hábito largamente comum em todas as classes sociais e faixas etárias. Portanto é normal entrar em farmácia, supermercado e padaria fumando.
Outra coisa comum entre estes países é a língua, Croácia, Bósnia, Montenegro e Sérvia falam a língua servo-croata – porém cada um tem a sua moeda.
Sentamos na pekara ainda no lado de fora porque a fumaça lá dentro estava forte, pedimos um cappuccino por 1 euro e um Bosnian Burek – uma torta típica da Bósnia. O burek é feito de massa folhada e recheado com queijo ou carne, pedimos de queijo e estava delicioso. Virou a minha maior desculpa para comer, ainda mais que custava menos de 1 euro. É gostoso sentir um pouco da cidade neste sentido, ali muitos homens de negócios entravam e saiam com seus paletós engravatados e pareciam ocupados falando em seus celulares antigos – pelo menos antigos para nós. Nos sentimos na década de 90, as mulheres com roupas daquela época, as caixas registradoras nas lojas, as transaçōes financeiras no banco ainda finalizadas a punho e até os carros – os incríveis Lada Riva. Quem lembra?
Mais tarde dirigimos um pouco mais sentido sudeste, em direção a fronteira com Montenegro. Passamos por muitas cidades pequenas com prédios simples, daqueles quadradões sem muita preocupação arquitetônica. Apesar da maioria da população ser velha, vimos muitos adolescentes sem uniforme saindo das escolas por volta das 14 horas. Era a vida normal acontecendo na Bósnia. De novo sentimos vontade de parar e observar, eles olhavam mais impressionados para a gente e o carro que a gente para eles. Que vontade de falar esta língua e saber melhor deles!
Nos despedimos da Bósnia com vontade de ficar mais! Mas antes paramos para uma última refeição e por 14 euros comemos nós dois uma deliciosa e farta salada de pepino com tomate e queijo feta, depois teve uma carne recheada com queijo e muita especiaria. Estava tudo delicioso, pena que a fumaça do cigarro dentro do restaurante incomodou… tem algumas coisas que a gente não consegue se acostumar de novo.
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