Ás vezes a nossa viagem pode parecer incrível, maravilhosa, de casal feliz em um mundo que tudo dá certo. Não é bem por aí e estamos longe disso! Existem inúmeras dificuldades que enfrentamos todos os dias e vamos aqui elencar as mais frequentes e menos dramáticas.
O PORTUNHOL É O QUE MATA!
Saímos do Brasil com aquela noção de espanhol que a maioria dos brasileiros tem: nenhuma ou pouca ou ‘eu me viro’! E nos gestos, nos sorrisos, nos enrolations a gente conseguiu ir improvisando bem nosso espanhol. Aos poucos você vai pegando as palavras e entendendo que tem muito falso-cognatos (aquelas palavras que você pensa que o significado é um mas na verdade não tem nada a ver).
Quando pela primeira eu ouvi de um vendedor argentino: “regreso en un rato”. Fiquei imaginando ele ir lá dentro da vendinha e regressando em cima de um rato enorme!? Logo pensei não pode ser! Depois que fui entender que ‘rato’ em espanhol significa momento. Ufa, melhor assim!
Ou quando a garçonete no restaurante perguntava: “necesita un vaso?” e a gente respondia que apenas um copo era suficiente porque um vaso pode ser muito grande. Levou um tempo para saber que na verdade ‘vaso’ significa copo.
Tivemos milhōes de derrotas no espanhol e todas nos fazem cair na gargalhada! Na Guatemala a gente já estava se achando totalmente fluente em espanhol. Estávamos perdidos no meio da estrada e o GPS deu aquela travada. Apareceu um senhor e resolvemos perguntar em qual direção ficava Tikal, a cidade maia. Eu, Paula, já mandei um: ‘hola señor, buenas tardes. Por favor, donde se encuentra Tikal?’ Pensei comigo, uau arrasei! Mas o senhor deu aquele olhar de: “HEIN?!” Repeti novamente a pergunta mas dessa vez eu mudei a entonação da palavra Tikal e disse Tikaú, o senhorzinho nada. Eu disse então: Tikai? Tíííkal? Tíxal? Tchikaul? e inventei uns outros para ver se acertava o nome do lugar… e nada. O Renan atrás de mim manda um “Tikal” exatamente como eu havia falado no começo e o senhorzinho:”ah si, ahora comprendi!”
Oi? Mas eu falei a mesma coisa!! Muito decepcionante. E depois seguimos no carro com o Renan me zuando com “Tikai? Tíííkal? Tíxal? Tchikaul?”
Na hora você se sente um tonto, mas no final é muito engraçado.
AINDA NA ONDA DO PORTUNHOL
Assim como no Brasil temos inúmeras gírias e diferentes sotaques de cada região, nossos países hermanos não são diferentes. Na América do Sul e Central fomos aprendendo que cada país tem diferentes formas de nomear o POSTO DE GASOLINA. Entramos na Argentina procurando um “puesto de gasolina” (nosso portunhol achou que essa era a maneira que os argentinos entenderiam nossa necessidade). Nada feito, na Argentina posto de gasolina é ‘estación de servicio‘.
Ah ok. Então daqui para frente vamos sempre perguntar por uma Estación de Servicio. Pois bem, chegamos no Chile e adivinha? Quando perguntamos ‘donde hay una estación de servicio?’ Nos responderam: ‘Servicio de que?’ Poxa, de gasolina, de diesel, de combustível. A resposta foi: ‘aaaaah estas buscando una gasolinera?’
De novo, reajustamos nosso vocábulario para ‘gasolinera’. Só que isso também não deu muito certo, no Peru chamam de grifo, no Equador petrolera, também há lugares que chamam bomba de gasolina ou apenas bomba. Também aprendemos que podemos chamar de bencinera ou simplesmente bomba de bencina.
Detalhe nosso carro é diesel, mas não tinha problema nenhum perguntar por uma gasolinera… dá na mesma! 😉
A LAVANDERIA
Em Nobres/MT passamos por um perrengue, eu explico: fazia 15 dias que viajávamos pelo Pantanal, estava tudo muito bom, muito maravilhoso maaaas as roupas limpas estavam acabando e não encontrávamos uma lavanderia adequada ($). Ficamos em uma fazenda que tinha um tanquinho para lavar roupa e eu (Paula) aproveitei para lavar TODAS as roupas, inclusive as que estavam limpas. Sabe aquele dia que baixa a Neura em você e de repente tudo tem que ser limpo? Então, lá fui eu. Fazia um calor insuportável e eu claro que apostei no solzão para secar tudo. Quando o Renan viu que eu já tinha molhado todas as roupas, lançou aquela praga: “Vai chover!” Eu logo pensei: “Vai nããão!” E de repente: CAABRUUUM. Choveu! Só que choveu quase três dias sem parar!! Desastre! Sobrou para o Renan, coitado, que teve que improvisar um varal no quiosque… que para piorar tinha goteira (de que adianta?). Depois disso você pode imaginar: roupas guardadas com aquele cheiro… e tivemos que lavar tudo de novo quando o sol apareceu!
CAMPING: O TERROR!!
Nem sempre conseguimos um lugar seguro para parar o carro ou um banheiro limpo. Já até falamos aqui sobre o desapego praticado quase todos os dias durante a viagem. Muitas vezes falta uma pia para lavar a louça ou o camping pode ser daqueles com terrenos ladeira abaixo e o jeito é dormir inclinado. Se encontrar um camping já é uma aventura, imagina então ter um camping com todos os itens acima do jeitinho que a gente gostaria?! Essas coisas são importantes para nós que estamos viajando com uma estrutura mínima no carro. Algumas vezes nos decepcionamos com os lugares e geralmente eles são os únicos da região. Quando não há camping o jeito é ficar em hostel, e temos que procurar um quarto para casal com banheiro dentro do melhor custo-benefício. É um desafio e tanto porque as opções são poucas e ruins; quartos sujos pequenos e com o barulho da rua, lençóis que não trocam, ambiente estranho… e olha que somos bem desencanados.
CARRO
Muitas vezes tratamos o carro melhor que nós mesmos. Na estrada ficamos sempre com os ouvidos atentos para qualquer barulho novo do motor. O Brasileirinho tem um desempenho muito bom, nossa média de consumo tem sido 12 km/L. Como a qualidade do combustível de alguns países não são muito confiáveis algumas vezes preferimos colocar aditivo para dar aquela aliviada. Com a altitude (acima de 3.500m) o desempenho do carro muda bastante, o barulho do motor muda e você pode pisar fundo que ele não vai. Também tivemos episódio em que ele não ligou, o rádio estava roubando a bateria e demorou para que a gente percebesse isso. Por algumas vezes tivemos que pedir para o carro vizinha aquela ‘chupetinha’. Relatório do carro você pode ler aqui!
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